Do caos à defesa do TCC

Troquei de curso, de instituição, de planos. Extrapolei prazos, pedi prorrogação e achei que não ia dar, mas deu! Eu defendi o meu TCC em Publicidade e, agora, olhando pra trás, entendo que cada etapa, por mais caótica que parecesse, tinha algo a me ensinar. Essa é uma história cheia de reviravoltas, mas me enche de orgulho por cada coisa que aconteceu nela e cada aprendizado que pude tirar, mesmo que tenha sido dolorido.

Em 2015, depois de já ter passado por outras instituições de ensino, entrei na UFPA cheia de expectativas, planos e sonhos, afinal, a UFPA é a Maior Universidade do Norte do Brasil®, mas a vida foi acontecendo, as responsabilidades se acumulando, as greves surgindo, e os estudos acabaram ficando em segundo plano. Em determinado ponto (2017), eu simplesmente desisti e pensei “quando a vida se estabilizar de novo, eu volto”, mas eu não imaginava o tanto que a minha vida mudaria nos anos seguintes. Levou um bom tempo até que eu decidisse voltar (6 anos e uma pandemia global depois), mas isso fez com que eu acabasse chegando no limite de períodos permitido para me formar. Antes de ser chutada para fora, tive a opção de pedir uma prorrogação para terminar o curso e me deram mais 3 semestres letivos, que acabaram virando quase dois anos por causa de mais uma greve.

Desde 2023, quando voltei, por várias vezes eu achei que nunca conseguiria chegar ao final do curso. As matérias que eu estava cursando não seguiam uma ordem lógica (eu estava “desblocada”, ou seja, cursando disciplinas aleatórias para completar meu currículo), estava em turmas com pessoas desconhecidas (às vezes duas turmas diferentes no mesmo semestre) e ainda precisava conciliar com trabalho e minha vida pessoal. Foi tudo muito cansativo e caótico, mas também encontrei pessoas que passavam pelo mesmo que eu e pudemos nos apoiar mutuamente.

Nessa reta final, defendi um TCC que é, talvez, um dos projetos mais importantes da minha vida: Uma pesquisa sobre o podcast como ferramenta de preservação e difusão de lendas amazônicas: Um trabalho que parte de mim, da minha vivência e da minha vontade de manter vivas as histórias que atravessam diversas gerações na minha região. Analisei o PudimCast®, um podcast que eu mesma produzo há anos, e transformei isso em objeto de estudo, resistência e afeto.

Terminar esse ciclo foi muito mais do que cumprir uma etapa burocrática, foi encerrar um capítulo que, por muito tempo, achei que não teria fim. Foi olhar pra minha trajetória — com todas as pausas, desvios e recomeços — e entender que nada disso me atrasou. Me formou, e não apenas academicamente.

Eu carrego uma história que fala de persistência, de reconexão com minhas raízes e de amor pela cultura amazônica. A oralidade, que sempre fez parte do meu cotidiano, virou objeto de estudo. As lendas, que eu ouvia desde criança, ganharam espaço acadêmico. E o podcast, que começou como uma brincadeira entre amigos, mostrou que pode ser ferramenta de memória, identidade, pertencimento e resistência.

Gravando podcast em 2021, durante a pandemia.

Se você está no meio do caos, achando que não vai dar tempo, que ficou pra trás, que ninguém mais acredita: RESPIRA! O tempo pode parecer cruel, mas ele também ensina. E, às vezes, é nas pausas que fazemos que encontramos o tempo certo.

Agora sigo com o microfone em uma mão e o diploma na outra pra celebrar tudo o que construí até aqui. O diploma ainda vai demorar algumas semanas — burocracias, né?! — mas já está certo que ele vem. E vem na melhor hora: A certa.

Hoje escrevo esse texto com o coração leve, orgulhosa da pesquisadora e da pessoa que me tornei nesse processo. 

Obrigada a quem ficou, apoiou, ouviu, acreditou. Esse feito é nosso! Afinal, grandes conquistas são sempre coletivas.

❤️

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